O filme Independência ou
Morte, produzido pela Cinedistri (famosa pela produção O pagador de Promessas,
de 1962, e Lampião Rei do Cangaço, de 1964), dirigido por Carlos Coimbra e
lançado em 1972, sendo o filme de maior público do cinema nacional daquele ano.
O roteiro do filme ficou a cargo de Abílio Pereira de Almeida ( que atuou como
Clemente Pereira, magistrado e político influente no Império), Dionísio Azevedo
( José Bonifácio), Carlos Coimbra, Anselmo Duarte (Gonçalves Ledo) e Lauro
César Muniz. O gênero do filme é drama histórico.
O filme, de grande elenco, começa contextualizando a presença da corte portuguesa na colônia, sendo foco o protagonismo de D. Pedro I (Tarcísio Meira), figura popularesca e que teria em seu casamento com d. Leopoldina (Kate Hansen) a solução para os problemas de compostura social. O comportamento frívolo de D. Pedro fizera com que seu perfil político tivesse sido tido por liberal. Porém, isto seria ilusório.
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D. Pedro I |
O primeiro desafio político do príncipe seria apaziguar o motim do Largo do Rocio, militares e populares, em fevereiro de 1821, pediam as adequações à Constituição Liberal da Revolução do Porto, de 1820. Esta Constituição seria influenciada pela Revolução Francesa, que destituía todo o teatro político Absolutista. Neste caso, o Brasil estaria subordinado aos ditames do parlamento português, na Europa. A corte, no Brasil, tentava impedir a determinações que ameaçam seu poder. De acordo com o filme, D. Pedro ameniza a situação entre as partes, assumindo um compromisso pessoal de aceitação aos termos e com o carisma popular dispersa a população. Por fim, a Constituição de 1821, que fazia do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves uma Monarquia Constitucional.
D Pedro, deixado para ser
príncipe regente no Brasil, recebe o desdém diplomático da Inglaterra e das
cortes em Lisboa, sendo então identificado com a própria nação, que estava
sendo recolonizada. O problema seria que os portugueses desconfiavam de D.
Pedro em favorecer o Brasil e os brasileiros o entendiam como benfeitor. Para
ilustrar esta disputa, o filme encena uma sessão maçônica, a qual Gonçalves
Ledo explica, na posição de “Orador”, que a Constituição de 1821 foi imposta
aos brasileiros pois não teve participação dos parlamentares nacionais,
intencionando anular os poderes do príncipe regente e acabar com a autonomia dos
tribunais brasileiros.
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Cena no Palácio do Lavradio |
A carta que pede o abandono do
Brasil com a convocação D. Pedro para estar nas cortes portuguesas, faz com que
haja revoltas do príncipe e do povo. A Maçonaria também decide que o Brasil não
seja recolonizado, sendo o venerável da Loja Maçônica Comércio e Artes, José
Clemente Pereira, o magistrado que recebe de D. Pedro a promessa de que não
sairia do Brasil. O ministro, José Bonifácio, também maçom, em conversa “homem
a homem”, pede que D. Pedro apoie uma nova constituição, que seja brasileira.
Numa atitude de desafio aos
políticos portugueses, D. Pedro não permite que uma esquadra desembarque.
Militares em Minas Gerais reagem, mas D. Pedro, pessoalmente, pacifica os
amotinados. A situação parece estar favorável, mas há uma disputa entre
Gonçalves Ledo e José Bonifácio. Apesar de ambos serem irmãos maçons, Ledo
tendia a uma “municipalidade”, ou seja, um descentralização política através de
bajulações ao príncipe, para Bonifácio, o poder do príncipe deveria ser pessoal
e centralizador. De acordo com o filme, Ledo articula com o Venerável da Loja,
Clemente Pereira, pôr D. Pedro a Grão Mestre da Maçonaria, em detrimento de José
Bonifácio, além de outros problemas que este enfrentaria.
Durante o tempo que esteve na
província de São Paulo, D. Pedro recebe missivas de D. Leopoldina e José
Bonifácio que o faz declarar a Independência. No entanto, D. Pedro, apaixonado
pela “rameira” paulista Domitila de Castro, Marquesa de Santos, enfurece José
Bonifácio pela falta de compromisso com os deveres públicos e internacionais.
Para piorar a situação, “titila” convence D. Pedro a libertar os difamadores do
irmão de José Bonifácio, Martim Francisco, que haviam sido presos. A “moça”,
residindo na corte, a mando de D. Pedro, tem sua remoção pedida por José
Bonifácio, que ao ser negado, pede demissão: “ quando o favoritismo, o
escândalo e a irresponsabilidade ditam regras ao governo, não posso me
conformar”.
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José Bonifácio de Andrada e Silva e D. Pedro I |
A Assembleia Constituinte de
1823 é dissolvida, parlamentares e o próprios Andradas são presos. O
relacionando de D. Pedro e “titila” é facilitado pela decisão da própria D.
Leopoldina em permitir e reconhecer a presença da amante do marido na corte,
apesar de saber que eles tem uma filha. No entanto, sem aguentar as
humilhações, a imperatriz pede respeito e decência aos seus filhos e para com
ela. A morte de D. Leopoldina aumenta a ira das damas da corte. Porém, todos
aqueles que irritavam “titila” tinha como certa a demissão dada por D. Pedro. O
filme se perde com este dramalhão.
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D. Pedro I e o filho, Pedro II |
D. Pedro perde o apoio
popular, para agradar o povo e a corte decide acabar com o relacionamento com
“titila” e se casa com a neta de
Napoleão, Amélia de Leuchtenberg. A
tutoria do filho deixa com José Bonifácio, como forma de reconhecimento dos
seus erros. Enfim, D. Pedro renuncia ao Brasil. O filme termina com José
Bonifácio e D. Pedro II juntos.
Assista o filme
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