domingo, 26 de fevereiro de 2023

Filme: Independência ou Morte (1972)


 


O filme Independência ou Morte, produzido pela Cinedistri (famosa pela produção O pagador de Promessas, de 1962, e Lampião Rei do Cangaço, de 1964), dirigido por Carlos Coimbra e lançado em 1972, sendo o filme de maior público do cinema nacional daquele ano. O roteiro do filme ficou a cargo de Abílio Pereira de Almeida ( que atuou como Clemente Pereira, magistrado e político influente no Império), Dionísio Azevedo ( José Bonifácio), Carlos Coimbra, Anselmo Duarte (Gonçalves Ledo) e Lauro César Muniz. O gênero do filme é drama histórico.


O filme, de grande elenco, começa contextualizando a presença da corte portuguesa na colônia, sendo foco o protagonismo de D. Pedro I (Tarcísio Meira), figura popularesca e que teria em seu casamento com d. Leopoldina (Kate Hansen) a solução para os problemas de compostura social. O comportamento frívolo de D. Pedro fizera com que seu perfil político tivesse sido tido por liberal. Porém, isto seria ilusório.

D. Pedro I 

O primeiro desafio político do príncipe seria apaziguar o motim do Largo do Rocio, militares e populares, em fevereiro de 1821, pediam as adequações à Constituição Liberal da Revolução do Porto, de 1820. Esta Constituição seria influenciada pela Revolução Francesa, que destituía todo o teatro político Absolutista. Neste caso, o Brasil estaria subordinado aos ditames do parlamento português, na Europa. A corte, no Brasil, tentava impedir a determinações que ameaçam seu poder. De acordo com o filme, D. Pedro ameniza a situação entre as partes, assumindo um compromisso pessoal de aceitação aos termos e com o carisma popular dispersa a população. Por fim, a Constituição de 1821, que fazia do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves uma Monarquia Constitucional.

D Pedro, deixado para ser príncipe regente no Brasil, recebe o desdém diplomático da Inglaterra e das cortes em Lisboa, sendo então identificado com a própria nação, que estava sendo recolonizada. O problema seria que os portugueses desconfiavam de D. Pedro em favorecer o Brasil e os brasileiros o entendiam como benfeitor. Para ilustrar esta disputa, o filme encena uma sessão maçônica, a qual Gonçalves Ledo explica, na posição de “Orador”, que a Constituição de 1821 foi imposta aos brasileiros pois não teve participação dos parlamentares nacionais, intencionando anular os poderes do príncipe regente e acabar com a autonomia dos tribunais brasileiros.


Cena no Palácio do Lavradio

A carta que pede o abandono do Brasil com a convocação D. Pedro para estar nas cortes portuguesas, faz com que haja revoltas do príncipe e do povo. A Maçonaria também decide que o Brasil não seja recolonizado, sendo o venerável da Loja Maçônica Comércio e Artes, José Clemente Pereira, o magistrado que recebe de D. Pedro a promessa de que não sairia do Brasil. O ministro, José Bonifácio, também maçom, em conversa “homem a homem”, pede que D. Pedro apoie uma nova constituição, que seja brasileira.

Numa atitude de desafio aos políticos portugueses, D. Pedro não permite que uma esquadra desembarque. Militares em Minas Gerais reagem, mas D. Pedro, pessoalmente, pacifica os amotinados. A situação parece estar favorável, mas há uma disputa entre Gonçalves Ledo e José Bonifácio. Apesar de ambos serem irmãos maçons, Ledo tendia a uma “municipalidade”, ou seja, um descentralização política através de bajulações ao príncipe, para Bonifácio, o poder do príncipe deveria ser pessoal e centralizador. De acordo com o filme, Ledo articula com o Venerável da Loja, Clemente Pereira, pôr D. Pedro a Grão Mestre da Maçonaria, em detrimento de José Bonifácio, além de outros problemas que este enfrentaria. 


Durante o tempo que esteve na província de São Paulo, D. Pedro recebe missivas de D. Leopoldina e José Bonifácio que o faz declarar a Independência. No entanto, D. Pedro, apaixonado pela “rameira” paulista Domitila de Castro, Marquesa de Santos, enfurece José Bonifácio pela falta de compromisso com os deveres públicos e internacionais. Para piorar a situação, “titila” convence D. Pedro a libertar os difamadores do irmão de José Bonifácio, Martim Francisco, que haviam sido presos. A “moça”, residindo na corte, a mando de D. Pedro, tem sua remoção pedida por José Bonifácio, que ao ser negado, pede demissão: “ quando o favoritismo, o escândalo e a irresponsabilidade ditam regras ao governo, não posso me conformar”.


José Bonifácio de Andrada e Silva e D. Pedro I

A Assembleia Constituinte de 1823 é dissolvida, parlamentares e o próprios Andradas são presos. O relacionando de D. Pedro e “titila” é facilitado pela decisão da própria D. Leopoldina em permitir e reconhecer a presença da amante do marido na corte, apesar de saber que eles tem uma filha. No entanto, sem aguentar as humilhações, a imperatriz pede respeito e decência aos seus filhos e para com ela. A morte de D. Leopoldina aumenta a ira das damas da corte. Porém, todos aqueles que irritavam “titila” tinha como certa a demissão dada por D. Pedro. O filme se perde com este dramalhão.


D. Pedro I e o filho, Pedro II

D. Pedro perde o apoio popular, para agradar o povo e a corte decide acabar com o relacionamento com “titila”  e se casa com a neta de Napoleão,  Amélia de Leuchtenberg. A tutoria do filho deixa com José Bonifácio, como forma de reconhecimento dos seus erros. Enfim, D. Pedro renuncia ao Brasil. O filme termina com José Bonifácio e D. Pedro II juntos. 


Assista o filme

Canal EL Mendonça


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