segunda-feira, 14 de novembro de 2022

REBELIÕES DO PERÍODO REGENCIAL






Os revoltosos estavam inseridos em contextos específicos, cada província tinha sua complexidade econômica e incertezas políticas. O destaque era que as revoltas aconteceram apenas nas principais províncias sem que houvesse tentativas de separatismo.



Guerra dos Cabanos (Pernambuco, 1832-1835)

Essencialmente rural, foi composta por índios, escravos, camponeses e pequenos proprietários, além de senhores de engenho. Esses cabanos receberam apoio de políticos na capital Rio de Janeiro e até de portugueses do Recife, a ideia central era o combate aos carbonários jacobinos a favor da religião e do rei. Esta rebelião foi diferenciada pois eclodiu antes do Ato Adicional de 1834, sendo derrotada por Manuel de Carvalho, o líder da Confederação do Equador (1824), na época abandonando seus correligionários, que estava presidindo a província.

A Cabanagem (Pará, 1835-1840)

A disputa pelo poder local, o inconformismo de comerciantes e fazendeiros à nomeação da província e a péssima situação da população são os principais motivos da rebelião, que tinha tropa formada por índios, mestiços e negros. Para Fausto, os rebeldes defendiam a religião e o rei D. Pedro II, mas Pilleti escreve que o presidente da revolta, Félix Malcher, foi morto por jurar fidelidade ao imperador (2012:143; 1999:151). No governo cabano de Eduardo Angelim, uma revolta de escravos foi sufocada pelos próprios revoltosos. Os rebeldes foram rendidos em 1840 por tropas e esquadra que fizeram o bloqueio do rio Amazonas na época em que o conflito estava baseado em guerrilhas.

A Sabinada (Bahia, 1837-1838)

O nome da rebelião é derivado do líder Sabino Barroso, jornalista e médico (FAUSTO, 2012:143), porém outro nome também é citado, o de Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira (PILLETI, 1999:152). A Sabinada era conservadora, se deu pela convocação forçada de baianos para lutar na Guerra dos Farrapos, no Sul. No entanto, a classe média e comerciantes formalizaram a idealização da República Bahiense, propositalmente efêmera e temporária esperando a maioridade do rei. A abolição da escravidão, por exemplo, não foi discutida, exceto para os escravos nascidos no Brasil e que tivessem lutado no conflito.

A Balaiada (Maranhão,1838-1841)

Motivada por interesses locais de produtores de algodão e criadores de gado, a denominação se dera pela atuação de Francisco dos Anjos Ferreira, fazedor de balaios, que entrou motivado pela vingança do estupro da filha cometido por um policial. O líder da rebelião foi o político Raimundo Gomes, vaqueiro popular. Defendiam a religião católica, a Constituição e o imperador. A rebelião foi encerrada com ação militar, anistia e reescravização dos libertos pelas rebeldes.

A Guerra dos Farrapos (Rio Grande do Sul, 1835-1845)

A rebelião foi liderada por estancieiros gaúchos, com tropas esfarrapadas. A província era fornecedora de trigo, mulas e charque. Não aceitavam que os impostos fossem investidos em outras províncias, além da disputa política entre governistas, chamados de chimangos, e os farroupilhas, que lutavam por autonomia. Os rebeldes fundaram as repúblicas Riograndense (1836) e Juliana (1839), sendo derrotados e anistiados em 1845 com a Paz de Ponche Verde, o charque platino foi taxado em 25 % como parte das reivindicações. A rebelião farroupilha fez o Brasil reacender a influência no Prata, aliados com os colorados do Uruguai e as províncias argentinas de Entre Ríos e Corrientes, fez oposição a Rosas, de Buenos Aires, que tentava anexar o Uruguai e fechar o rio. O Brasil invade o Uruguai para derrotar os colorados em 1851, com amplo apoio dos gaúchos. Os aliados blancos e gaúchos venceram o conflito em território argentino (Monte Caseros, 1852), replicando em parte o apoio argentino à independência do uruguaia.

Bibliografia

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14 ed. São Paulo: USP, 2012.

PILLETI, Nelson. História do Brasil. São Paulo: Ática, 1999.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997.

 

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