A resistência indígena e as doenças epidêmicas tornaram inadequadas as tentativas de escravização. Além disso, a atuação dos padres católicos impedia que os índios em catequese fossem aprisionados. A pressão católica para que fosse abolida a escravização indígena surtiu na tardia abolição, em 1758, dos povos indígenas ainda em cativeiro por qualquer motivo. O interesse por escravos dos portugueses, neste ínterim, foi dedicado aos africanos, cujo valor mercantil já era conhecido por sociedades africanas desde o século XV na época do Périplo Africano.
Os negros trabalhavam nas ilhas do Atlântico portuguesas, muitos escravos tinham conhecimento no trabalho de ferro e criação de gado. Sua capacidade produtiva era bem superior à do indígena (2012:46). Segundo Nelson Pilleti, os portugueses entravam abertamente nas tribos africanas e prendiam seus habitantes. Apenas ao perceber o mercado do escravismo, os chefes das tribos decidiram pela venda do povo em troca de tecidos, armas, tabaco, cachaça, etc. Na ocasião de negativa de vendas, os portugueses provocavam guerras entre as tribos para comprar do vencedor os prisioneiros (1999:98). O que fica percebido é que no continente africano havia uma cultura de aceitação ao escravismo, o que deu oportunidade aos portugueses o uso dessa modalidade de mão de obra nas colônias.
O comércio com a África foi denominado triangular, pois os portugueses, da Europa, estavam na África oferecendo armas, cachaça e tabaco, comercializando com chefes africanos os escravos, sendo estes vendidos no mundo colonial americano para o trabalho nos canaviais, e destas para Portugal, com a cana-de-açúcar, tabaco, etc.
Havia dois grandes ramos étnicos africanos que faziam parte do tráfico negreiro: sudaneses da África Ocidental, Sudão egípcio e golfo da Guiné; e os da África equatorial e tropical, do Congo, Angola e Moçambique. Os principais centros importadores de escravos eram Salvador e Rio de Janeiro, respectivamente. O fumo em Salvador e as descobertas das minas, favorecendo o Rio de Janeiro, seriam as causas dessa comercialização.
Os escravos africanos se opunham ao cativeiro através, principalmente, de quilombos, estabelecimentos organizados por fugitivos à moda das sociedades africanas, a exemplo de pena de morte, escravidão e monarquia. A deserção era proibida. O maior expoente deste fenômeno foi Palmares, uma confederação de dezenas de quilombos na capitania de Pernambuco (Alagoas), cujo chefe mais conhecido foi Zumbi dos Palmares. Combatendo holandeses e portugueses, o Palmares sucumbiu ao bandeirantismo paulista, em 1695, na pessoa de Domingos Jorge Velho e seus aliados.
A contaminação de doenças não abalava os escravos tal qual os índios. No entanto, a baixa fertilidade das mulheres fazia os traficantes de escravos renovar o suprimento pela importação (2012:50), havendo uma dependência aos traficantes que comercializavam juntamente aos chefes africanos.
Bibliografia
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14 ed. São Paulo: USP, 2012.
PILLETI, Nelson. História do Brasil. São Paulo: Ática, 1999.
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