sábado, 8 de outubro de 2022

AS INVASÕES HOLANDESAS





As invasões holandesas do século XVII foi o maior conflito político-militar da colônia, contextualizado internacionalmente com a disputas pelo mercado açucareiro e tráfico de escravos. A resistência foi um indício de ação autônoma da colônia, mas não havia ousadia de separação da Metrópole (FAUSTO, 2012:75). As invasões se deram devido a crise sucessória que encerrou a dinastia de Avis (1580). A Coroa espanhola, em guerra contra a Holanda, assumiu o trono português, irritando e preocupando os holandeses, que comercializavam o açúcar.

As ações militares holandesas começaram com pilhagens na costa africana (1595) e Salvador (1604), parando-as, no entanto, com a Trégua dos Doze Anos (1609-1621). Com o fim da trégua, foi criada a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, que alvejavam ocupação de colônias apossando da produção açucareira portuguesa e dominar o suprimento de escravos. As invasões começaram com a ocupação de Salvador, em 1624, sendo que os holandeses ficaram cercados pela resistência liderada por Matias de Albuquerque e os bispo Marcos Teixeira. A tática de guerrilhas, a “guerra do Brasil”, foi o terror dos militares holandeses, que após estarem encurralados pelos reforços europeus, se renderam em 1625, reelaborando suas intenções. O ataque a Pernambuco se deu em 1630, tomando Olinda. Nesta fase, de 1630-1637, houve predomínio dos holandeses, aliados dos tapuias e recebendo informações de traidores que conheciam os terrenos das batalhas, a exemplo de Domingos Fernandes Calabar, espião a serviço dos invasores.

O segundo período, de 1637-1644, foi de relativa paz. Nesta fase, as ações de Mauricio de Nassau tentaram por fim a crise administrativa. Os engenhos abandonados foram vendidos a crédito, os senhores foram forçados a plantar mandioca para abastecer os escravos e houve tolerância religiosa. Artistas, a exemplo de Franz Post, pintavam de forma inédita as paisagens e as cenas da colônia. A arquitetura urbana de Recife foi feita para se capital da capitania e houve a tentativa de construir uma cidade réplica de Amsterdã, a Cidade Maurícia. No entanto, a mudança de postura de setores da Companhia das Índias Ocidentais na lida com os senhores de engenho e reativando intolerância religiosa fez com que Maurício de Nassau fosse demitido.

O terceiro período, de 1645-1654, foi marcado pela ascensão ao trono de João IV (1640). As relações não foram restabelecidas, a Holanda não devolveria as terras do Brasil. Após uma trégua rompida pela Holanda, ao invadir São Tomé e Angola, a Companhia decidiu confiscar os engenhos dos endividados e evitou o pagamento de dízimos aos padres. O contexto era de Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). A luta apoiada por Portugal uniu lideranças entre os senhores de engenho, comandados por André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira; escravos negros, liderados por Henrique Dias e índios, liderados por Felipe Camarão. As batalhas dos Montes dos Guararapes, em 1648 e 1649, isolaram os holandeses em Recife. Na Holanda, havia a alegação de que o sal de Setúbal era mais interessante que o açúcar devido a pesca (FAUSTO, 2012:78). No ano de 1652 eclode a guerra contra a Inglaterra, sendo que, em 1653, a esquadra portuguesa cercou Recife e decretou a rendição dos invasores em 1654, com os holandeses explorando as Antilhas e o cultivo açucareiro.

Os holandeses tiveram apoio de índios e desfavorecidos. A participação de negros foi ínfima, os invasores estava em inferioridade e foi incentivado o nativismo.



Bibliografia

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14 ed. São Paulo: USP, 2012.

PILLETI, Nelson. História do Brasil. São Paulo: Ática, 1999.

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