O Feudalismo é um conceito histórico útil para definir o período de formação do Ocidente pós Império Romano. A palavra entrou em uso historiográfico no século XVII, sendo derivada de feudo, uma extensão de território que cabia a um senhor feudal ou ao rei. A relação com o mundo rural foi a tônica do período medieval.
O sistema medieval não
era homogêneo, seu modelo clássico estava contextualizado às atividades rurais
no norte da França entre os séculos XI e XIII, mas havia estruturas próprias de
feudalismo na Inglaterra, Itália e Sacro Império. A origem deste sistema está relacionado com a
decadência econômica do Império Romano do Ocidente.
Baseado no escravismo, o
Império mantinha a produção dos latifúndios contínuos e estáveis. Este modo de
produção incentivava novos domínios territoriais, que eram fornecedores de
escravos. No século III d.C, o Império começou a extenuar devido sua enormidade
e a mão de obra escassear. Na tentativa de manter a produção, os romanos criaram
o regime de colonato, que consistia na distribuição de terras aos escravos para
assentamento e formação de famílias. Uma pequena parte da produção ficaria com
os trabalhadores e o restante com o senhor. Com as invasões bárbaras do século
V, as famílias partiam das cidades para o campo em busca de segurança nas
grandes fazendas, pois as pequenas eram indefesas. Com isso, o status do
camponês ficou consolidado. Aliado a esta situação, com a formação dos reinos
bárbaros e a instituição de suas elites, as relações sociais foram tribalizadas
criando a dependência jurídica entre homens, da servidão à vassalagem.
O mandonismo do potentado
local entre os bárbaros era a principal forma de reconhecimento da autoridade,
inclusive eram capazes de serem consultados para eleição de reis. O sistema
jurídico romano, centralizado em sua forma de governo, era instável para os
germânicos. Outra fonte de autoridade, nascente, era o bispado católico, que
detinha o poder do conhecimento e das técnicas administrativas, elementos de
grande interesse para a organização e estabilidade para os novos reinos.
As relações sociais
estavam baseadas na interdependência pessoal, na subordinação de um individuo a
outro. A relação entre os nobres era denominada de Suserania e Vassalagem, o
nobre que recebia terra era vassalo do que doava, sendo este o suserano. O
nobre mais fraco, o que recebia a terra, prestava homenagem ao mais
forte, que detinha mais terras. A terra era a principal referência social no
medievo. Ao Vassalo cabia prestar serviços militares sempre que requisitado,
recebendo em troca ajudas materiais do seu suserano, nem sempre baseado em
doação de terras. A relação entre camponês e nobre era denominado servidão. Ao
camponês cabia oferecer apenas o trabalho, além de receber uma porção para seu
sustento à base de arrendamento, deveria trabalhar gratuitamente nas terras do
nobre, o que era denominado de corveias.
Nesta época havia
camponeses livres, e ainda poucos escravos. Na Península Ibérica, em
particular, havia certa mobilidade social, não havendo a estrutura estamental
aos moldes nos sistemas tradicionais de feudalismo.
SILVA, Maciel Henrique;
SILVA, Kalina Vanderlei. Dicionário de conceitos históricos. 3 ed. São
Paulo: Contexto, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário